Tadeu Filipelli, na foto entre o prefeito Afonso Macchione e o Deputado Federal Sinval Malheiros, foi preso nesta terça-feira pela Polícia Federal. Filipelli já foi agraciado pela Câmara de Catanduva com a Medalha 14 de Abril.
Deflagrada na manhã desta terça-feira 23, a Operação Panatenaico, organizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal, trouxe mais complicações para o presidente Michel Temer. Alvo principal da delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS, Temer viu um de seus principais assessores ser preso por suspeita de corrupção. É o catanduvense Tadeu Filippelli, ex-vice governador do DF.
Além de Filippelli, foram presos José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT). O primeiro foi governador do DF entre 2007 e 2010 e o segundo, entre 2011 e 2015. Filippelli, Arruda e Agnelo são suspeitos de desviar recursos públicos do estádio Mané Garrincha, o mais caro da Copa do Mundo de 2014, cujo orçamento chegou a 1,5 bilhão de reais.
O que a Operação Panatenaico investiga?
A operação apura denúncias de irregularidades na reforma do Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, que teria sido alvo de um esquema exatamente igual aos investigados na Petrobras no âmbito da Operação Lava Jato.
O MPF suspeita que foi constituído um cartel entre várias empreiteiras para fraudar a licitação da reforma e assegurar, de forma antecipada, que as obras fossem realizadas por consórcio formado pela Andrade Guitierrez e pela Via Engenharia. A contrapartida seria o pagamento de propina a agentes políticos e públicos.
O armação na licitação era tão profunda que, segundo dados já reunidos pelos investigadores, representantes da Andrade Gutierrez participaram da elaboração do edital do certame, do qual eles próprios iriam participar.
Catanduvense
Nelson Tadeu Filippelli nasceu em Catanduva, no dia 25 de maio de 1949. Agora, político filiado ao PMDB. Foi Servidor Público do Governo do Distrito Federal e Engenheiro Eletricista da Companhia Enértica de Brasília. (CEB). Foi Presidente da Sociedade Habitacional de Interesses Sociais (SHIS); Foi administrador da região administrativa de São Sebastião; De 1995 a 1998 foi deputado distrital PPB hoje PP; Em 1995 filiou-se ao PMDB. Em 1998 foi eleito pela primeira vez deputado federal pelo PMDB. Foi ainda secretário de Infraestrutura e Obras no governo de Joaquim Roriz, de 2 de fevereiro de 1999 a 14 de fevereiro de 2001, de 19 de fevereiro a 28 de agosto de 2001, de 14 de setembro de 2001 a 5 de abril de 2002, e de 1º a 31 de janeiro de 2003. Em 2002 foi reeleito deputado federal ficando atrás somente de José Roberto Arruda que foi o mais votado do Distrito Federal e o mais votado do país em termos proporcionais.Em 2006 foi reeleito novamente pela terceira vez deputado federal sendo o mais votado do Distrito Federal. Em 2009 foi eleito presidente da Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania da Câmara Federal. Ainda em 2009 rompeu com Joaquim Roriz quando apoiava a ideia de o PMDB não lançar candidatura própria ao Governo do Distrito Federal para apoiar a reeleição de José Roberto Arruda. Sua posição provocou reação exaltada de Joaquim Roriz e correligionários rorizistas. Após o episódio, Roriz deixou o PMDB e filiou-se ao PSC. Atualmente, Filippelli é o presidente regional do PMDB no Distrito Federal.
Envolvimento em crimes e condenações
Em 2014, por utilizar a publicidade do governo para se favorecer nas eleições de 2014 enquanto ocupava o cargo de vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli foi condenado pelo TRE e se tornou inelegível por 8 anos além de ter sido multado em R$ 30 mil. Também em 2014 foi condenado pelo TRE por propaganda eleitoral antecipada através do uso de faixas com agradecimentos aos políticos e bandeiras de partidos utilizadas durante a inauguração do novo balão do aeroporto, em 5 de maio de 2014. A pena incluiu multa de R$ 5 mil para o governador e vice.
Eleições 2010
Em 19 de junho de 2010 foi escolhido para ser candidato vice de Agnelo Queiroz ao Governo do Distrito Federal. Em 31 de outubro de 2010 foi eleito vice-governador do Distrito Federal, na chapa que elegeu Agnelo Queiroz ao Governo do DF.
Prisão é fim da linha para candidatura de Filippelli ao Buriti
A Operação Lava-Jato e a prisão do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) praticamente enterram a possibilidade de sua candidatura ao Governo do Distrito Federal, um projeto de poder trabalhado na última década. Desde o impeachment de Dilma Rousseff, com a chegada de Michel Temer à Presidência da República, Filippelli passou a acreditar que era a sua vez de chegar ao Palácio do Buriti, principalmente pelas dificuldades políticas e financeiras de seu principal rival no Distrito Federal, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Filippelli vinha se encontrando com políticos da oposição a Rollemberg, como os deputados Alberto Fraga (DEM) e Izalci Lucas (PSDB) o ex-deputado distrital Alírio Neto (PTB). Ele também gravou inserções do PMDB para as tevês e rádios com críticas ao GDF e se colocou como o responsável pela inclusão de regras para a legalização de condomínios do DF na MP 759, editada pelo presidente Michel Temer, para criar novas regras para a regularização fundiária no país.
Os planos de Filippelli foram mantidos até mesmo depois de o nome dele aparecer na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para remessa de termos das delações premiadas de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez a investigações em primeira instância.
João Antonio Pacífico, ex-executivo da Odebrecht, disse que negociou R$15 milhões em pagamentos a Filippelli e ao ex-governador Agnelo Queiroz (PT) em troca de agilidade na liberação e ocupação do Centro Administrativo (Centrad), em Taguatinga.
A candidatura de Filippelli ao governo em 2018 começou a se tornar mais distante com a crise envolvendo seu padrinho político, o presidente Michel Temer, que terá de enfrentar um processo de impeachment pelas delações do empresário Joesley Batista, dono da JBS, e ainda corre o risco de perder o mandato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).